Eu tenho um cobertor na cama
Em pleno sertão
Como um adereço
E na preguiçazinha
Das tarde quentes
Penso
Óculos
Revistas
Cama
Computador
A tv está ligada
E as seriguelas
No quintal
Pergunto
Quem então
Me faria mal?
Eu tenho um cobertor na cama
Em pleno sertão
Como um adereço
E na preguiçazinha
Das tarde quentes
Penso
Óculos
Revistas
Cama
Computador
A tv está ligada
E as seriguelas
No quintal
Pergunto
Quem então
Me faria mal?
Os melhores versos são os que não foram escritos
Que, perdidos na janela
Do ônibus
Voou
E se a memória não os alcançou
É porque o ar
Melhor os guardaria
E no fundo do fundo
Um poeta escreve as mesmas coisas
Que diferença faria?
A pipoca encontra-se
na mesma classe
Da jujuba
e avoador
Poderia dizer que até
do algodão-doce
Mas seria equívoco:
pois, se doce
enjoa
Se enjoa
Não pode pertencer
.
À classe
Da Jujuba
Avoador
Pipoca
Classe inventada pelos publicitários,
Digo
.
Da fome interminável-insaciável
Do não-sossego
Do “tenho que pôr fim à angústia e descobrir o fim”
Do pacote
Que enorme
Nos entope
A palavra “coração” é brega. Digo isso porque, pensando em escrever o verso “eu queria achar a saída de emergência do meu coração” e encaixá-lo em alguma estrofe, fui impelida a descartar a ideia. Não pude continuar. Culpei o coração.
Coração (ao menos a palavra) é brega, e tende a rimar com emoção, compaixão, doação, solidão, ilusão, canção, samba-canção (!). Tesão? Não, coração é tão brega que não rima com tesão. O amor não, ele é até bonito. Amor rima com ardor, ou mesmo com pensamento ou silêncio. O bonito do amor é que ele é independente, não se prende a rimas mesquinhas.
Diante do dito, façamos bom uso do coração.
Transferência de responsabilidades
Expectativas similares
Esperança
....................Doce
Ilusão
O café na cama
A roupa no chão
A doce
ilusão.
Não existe mentira
ou verdade
É tudo questão de vaidade
ou expectativa
Dis
.............torcida
De
.............torcida
Do coração
Torcido
Que turbeculoso,
De tanto amor,
tosse.