segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Outubro

Outubro estava próximo
O sol queimava-me
Desbotava-me
Como a uma flor.
Sem dúvidas, outubro chegaria.
Adorava pensar que o tempo passava rápido demais
Pra precisar marcar na folhinha
Os dias santos.
Se outubro viesse,
É possível que até Natal tivesse
Esse ano
Longe demais das capitais.

domingo, 26 de setembro de 2010

Juazeiro

Ó, minha Juazeiro!
Se eu pudesse falar no teu sotaque
O dia inteiro
Eu zombaria,
É bem verdade,
Mas me encheria
De uma tal alegria
Nunca vivida
Por nenhum litorâneo
Dito soteropolitano

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Pausa

Pensei em fazer uma tatuagem na nuca
Comprar um All Star vermelho
Óculos escuros
E vestidinho da loja bonita.
Pensei em viajar pro sertão colorido
Ouvir música ruim
Entrar em aulas de dança
E beijar o menino bonito.
Pensei em comprar milhares de livros
Ser famosa
Aprender inglês
E ter outros bonitos vestidos.
Aí já era tarde,
Eu estava cansada
E fui dormir.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Sabe como é

Vou me magoando um pouco por dia
Em dias alternados.
Sabe como é,
O coração é fraco,
Doente
Não aguentaria doses extras
De amor

sábado, 18 de setembro de 2010

Eu, aflito e só

Olhar o nada
Através da janela do ônibus
Ver tudo
Dentro de mim

Sexta

Sexta cheira à cerveja
Que eu não bebo
Cheira a ralo
a vômito
à privada
Que eu não cuspo
Sexta cheira a cigarro
Que eu não trago
Não, não trago
Nem no bolso, nem no carro
- Cheiro a perfume,
muito obrigado!
Sexta cheira a sorrisos,
às vezes falsos
Cheira a desculpas esfarrapadas
A viagens não-planejadas
Já minha sexta cheira a sono
Cheira a pijama
A conforto
E remédio antes de dormir

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Enfin, veuve!

Me peguei sorrindo às dez da noite de um dia cansativo. Pensei não ser eu. Mas ontem mesmo, antes de dormir, já havia sentido essa pequena felicidade, daquelas em que se fecha os olhos e sorri quando o vento entra pela janela. Anterior a isso, no entanto, foi a tarde, em que as músicas bonitas quase me fizeram sair dançando pela rua agitada, me alegrando mesmo na infeliz espera por um ônibus fantasma. Que passou às sete e, hoje, às seis e meia, deixando entrar as mesmas músicas bonitas. Na cabeça. Porque no rádio, apenas A Voz do Brasil ontem e, hoje, músicas quaisquer.
Ai! Como de costume, me peguei sorrindo. Parece que ouvi alguém gritar: "enfin, veuve!".

Borboletas não voltam

Você não era Eduardo e eu, Mônica?
"O que aconteceu?", eles perguntam
Você se esqueceu que é proibido descumprir promessas feitas a crianças
Talvez já soubesse que as crianças crescem
E viram borboletas
"E que borboletas lindas!", eles dirão

O Medo Dele

Você tem medo
Eu vejo isso em teus olhos, agora invisíveis
(eles são os mesmos de sempre, eu sei).
Você se esconde por trás da indiferença
E de cobertores, hoje frios.
Você tem medo.
Mas por que, se sabe que ainda posso te contar histórias antes de dormir?
E cantar canções, se você preferir?
Não precisa temer
Ainda longe, posso cuidar de você
Mesmo que em outras conexões
Entre outras mídias
Porque eu não consigo existir de outra maneira.

O encontro que não houve

Quando se encontrarem as guerras acabarão,
Os moços ciumentos conhecerão a confiança,
As mães esquecerão a preocupação.
A menina vai sorrir o dia inteiro, vai pular em seus braços
Quando você chegar
A menina vai encolher de amor,
Com os olhos pequenos de ardor
Vai vestir seu vestido mais florido
E dizer coisas sem pensar - ai! a menina sempre diz coisas sem pensar

Mas se o se aparecer na poesia
E você não vir, fingindo que não sabia
O vestido se manchará de vermelho,
A menina, de branco
Pálida, pálida, vai chorar o dia inteiro

2008

Passado

Quando eu ouço histórias bonitas eu lembro de você
Aquelas confissões de outras meninas parecem minhas
Aquelas experiências compartilhadas dizem muito de nós dois.
E quando eu ouço histórias que não deram certo
Eu lembro de você
De um lado, o medo que o drama se repita com outros atores
De outro, a segurança de que nosso amor está preso em árvores de raízes profundas (ufa!)
Os amores são únicos, dizem elas
Mas, se você troca as datas, as histórias são as mesmas
(E ele não liga
Ele não atende
Não é paciente
É tão previsível!
Não se desculpa
E aponta a culpa
Ele tá cansado e sempre ausente
Para conversas urgentes)

Julho/2010

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Gauche na vida

A vontade de criar um blog era latente. Eu carrego comigo a vontade de escrever, ou melhor, a vontade de escrever bem. Mas é como se as palavras se embaralhassem na minha cabeça e brincassem comigo, não permitindo que as tocasse e arrumasse. Durante muito tempo foi assim, o que apenas me proporcionou a escrita em outros blogs, onde não tenho a preocupação de ser constante. Agora me desafio a disciplinar as palavras e me auto-disciplinar em torno desse blog solitário. Algumas vezes ele não será alimentado, afinal, a correria diária nos afasta dos pequenos prazeres. Como temas principais aqui, estarão os caminhos e descaminhos da vida. Os descaminhos serão mais frequentes, afinal, quando eu nasci, um anjo torto desses que vivem na sombra disse: "vai, Jana! ser gauche na vida!"