sábado, 30 de outubro de 2010

Nota de rodapé

Sempre acreditei que estava imune a bala perdida, doença grave, tempestades várias e assalto a mão armada. Foi então que "o amor me pegou, puro e verdadeiro".

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Sem motivos para poesia

Dentro de mim não havia motivos pra poesia
Eu sou prosa
crônica
sou prolixa
falo alto
Não possuo o dom dos intimistas
que guardam para si tons impressionistas
Não sei cortar as palavras
para provocar melhores efeitos
Eu sou das frases reiteradas
Dos efeitos prontos
E ultimamente é que não havia motivos pra poesia
Nenhum abalo sísmico em mim
nenhuma perda
nem reencontro
nem feridas
Apenas algo morno como cicatrizes
Apenas a dúvida:
morna vida é vida morta?

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Fita o passado

A fita do Senhor do Bonfim rasgou
Os pedidos realizariam-se hoje
Talvez à noite
Eu os esperasse sentada
Discretamente arrumada
Como quem espera um romance
a cada olhar.
O momento é mágico
Como esperar desejos antes sonhados
no passado?
Imagino desconhecê-los
enquanto desconfio de suas causas
e efeitos
Hoje os pedidos não se justificariam
sua realização é nula
retrocesso
contra-senso
A fita do Senhor do Bonfim acusa o passado
de infame
tolo
despropositado
enquanto o define gigante
Esperarei a queda das outras fitas
pra descobrir que no futuro
o passado não importa

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

A mudança

Mudanças me desestabilizam
Gêmeos que sou
Elas me agradam
E em meus cabelos se agarram
pedindo para que as adote
as tome posse
Sempre inconformadas
Quando longe de mim.
Então eu sorrio largamente
Visto-as prontamente
E as incorporo quase que de imediato
Mas o que as mudanças não sabem,
talvez seja até segredo de estado,
É que elas me desestabilizam
E se em mim ficam
É porque, por mais que resista,
A mudança sou eu